sexta-feira, 23 de março de 2012

Onde está a felicidade?


Vivemos na imperativa e cansativa sociedade que nos obriga a sermos felizes. Crescemos aprendendo que devemos estudar, formar em uma boa faculdade, conseguir um bom emprego, comprar uma casa, para depois casar, ter filhos e, finalmente, ser feliz. É um passo a passo típico de receita de bolo, mas que na prática, nem sempre garante resultados positivos.

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite virou a obsessão do brasileiro. No sábado todos precisam ser felizes. É dia de sair com os amigos, beber, dançar, namorar... é dia de alegria. Graças à ajuda do “Cidade Negra” isso virou regra. Ficar em casa em um sábado a noite é um desperdício e de tempo e juventude.  Mas o que todo mundo realmente espera de um sábado à noite? Um emprego melhor, um novo namorado, uma diversão momentânea...

A atual sociedade brasileira vive a política da grande expectativa e exigência. Espera-se que a pessoa vista roupas de marcas famosas, que frequente lugares de alto nível, que tenha um corpo muito bem trabalhado, ganhe um bom salário, para assim ser eleita como perfeita para um relacionamento. O aumento do nível de exigência com o outro faz com que as expectativas sejam ainda maiores o que praticamente inviabilizam as relações sociais. O indivíduo está sempre esperando uma atitude ou resposta pré-programada do outro, o que dificilmente irá conseguir. Porém, essa cobrança excessiva não é unilateral, porque uma vez que uma pessoa quer alguém que seja “perfeito” ela também precisa ser perfeita para conseguir isso. E mais uma vez voltamos para o pecado da exigência e o perigo da expectativa.

Um dos tipos de pessoas mais felizes do mundo é o turista. Ele visita um país diferente e se maravilha com tudo. Tira foto da árvore seca, do cachorro nas ruas, de uma velha casinha num bairro pobre, senta em uma antiga e sossegada praça para tomar um sorvete, anda de metrô e acha uma delícia. Anda o dia inteiro com um sorriso no rosto e agradece a Deus todos os dias pela oportunidade de fazer a viagem. Ver a vida como um turista não é ser medíocre ou superficial, mas ver beleza nas pequenas coisas. É se contentar com o que tem e com as maneiras que conseguiu aquilo. Turista é feliz porque não é exigente, o que é exatamente o contrário que o mundo está se transformando.

Uma pesquisa feita pela FGV em parceria com a consultoria Gallup garante que que brasileiro é o povo feliz do mundo. Pela terceira vez o Brasil encabeça o ranking. Confesso que fiquei surpreso com o resultado da pesquisa, uma vez que brasileiro se destaca pelos altos índices de reclamação. Seria essa a esperança de que a felicidade está ficando mais fácil? Não sei se a pesquisa reflete à realidade atual, mas talvez seja um caminho para uma vida mais leve e feliz.

8 comentários:

  1. Inteligentíssimo texto.
    Às vezes as pessoas esquecem que a felicidade tá no meio do caminho, é o que permeia essa busca.
    Esquecem também que a perfeição está nos olhos de quem vê.
    Bacana essa coisa do turista, não tinha pensado nisso.
    Abraço. o/

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  2. Excelente trabalho, um texto fundado em uma lógica presente no dia-a-dia e que muitos insistem em mascarar. Acredito que o mundo se encaminha para essa situação porque ultrapassou o verdadeiro intuito, o amor, os olhos nos olhos que transmitem confiança, o abraço sincero que passa segurança, sorrisos soltos que aquecem nosso órgão vital. Porém o tempo passa, o que era bonito e essencial ficará para trás, nesse momento será visto o que realmente fizeram os nossos avós passarem uma vida inteira junto, perceberemos que esse tão buscado amor não será encontrado escrito em alguma etiqueta, mas sim marcado na alma.

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  3. Será que conseguiríamos ser criticados, julgados e classificados por nós mesmos, com a mesma crueldade que apontamos o dedo para as outras pessoas? Provavelmente entraríamos em depressão, rsss. Queremos ter "a pessoa perfeita" talvez porque nos achamos perfeitos.

    Quando vemos artistas e jogadores de futebol na TV, logo os relacionamos com a felicidade, pois geralmente são ricos e famosos. E, sem perceber, desejamos estar no lugar deles. Mas será que eles realmente são felizes? Basta vermos o histórico de quantas celebridades se envolvem com drogas e outras porcarias, buscando preencher um vazio deixado por um sábado à noite dos mais glamorosos.

    Enfim, acho que a felicidade está nas pequenas coisas do cotidiano. Sejamos turistas todos os dias e amemos o que nós temos, antes que a vida os ensine a amarmos o que "tínhamos" (essa eu vi no Facebook, rsss, mas achei legal).

    Parabéns pelo texto, Adilson! Sempre fazendo a gente parar pra pensar...

    Abraços a todos!

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  4. Adilson,
    Gosto muito do que você escreve seus textos são muito inspiradores, mostra que você é um homem antenado e sabe falar de temas que algumas pessoas considerariam caretas mas, com seu estilo fica muito interessante concordo com o que você escreveu. Acho que todas as pessoas deveriam curtir todos os dias como se fossem sábado.Abraços do amigo Marcos Telles Rosembaum
    Um otimo sábado pra você e um grande abraço do amigo:

    Marcos Telles Rosembaum

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  5. que texto maravilhoso...
    lembrei que nós conversamos sobre isso esses dias, da enorme influencia do Cidade Negra e dessa cobrança de sempre ter um sábado a noite bombante maravilhosa!!
    concordo com tudo que você disse!
    Parabéns pelo pensamento maravilhoso gatinho!!
    =)
    Verimar Lemos

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  6. Adilson

    Concordo plenamente com você. Vejo no dia-a-dia as pessoas vivendo, trabalhando sem alegria ,mas com ansiedade para chegar o sábado. Cria-se tanta expectativa e se frustra quando o sábado chega e não aconteceu a noite linda que esperavam. Então retornam para o círculo vicioso de suas vidas: aguardar novamente o próximo sábado. O melhor é saber viver bem cada dia da semana,buscando melhorar como pessoa sem tentar ser perfeito nem buscar a perfeição.

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  7. Muito bom o texto, curti d+ e é a mais pura realidade!

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  8. Muito bom o texto...super inteligente e palavras sábias....

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