sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

No murmurinho do cinema


Incrível os diversos mecanismos que o ser humano tem de se esquivar de situações embaraçosas. Algumas pessoas ficam vermelhas, outras olham timidamente para baixo e outras esboçam pequenos sorrisos nervosos. O desconforto é um estado de inquietação quando alguém se depara com uma situação incomum, imprópria ou desconhecida.
Durante uma sessão do filme “A Pele que Habito”, no Shopping Leblon, do Rio de Janeiro, aconteceu um fato bastante curioso. A obra de Pedro Almodóvar, renomado cineasta espanhol, conhecido por retratar o drama em roteiros densos e imprevisíveis, foi recebida com risos e comentários capciosos. Durante uma cena de estupro, em meios aos gritos desesperados da atriz, muitas pessoas estavam rindo da situação. É como se elas estivessem esquecido completamente a barbárie que estava sendo retratada. Comecei a pensar que talvez eu não estivesse entendendo realmente o que aquela cena queria passar. Será que as pessoas estavam realmente achando graça ou estavam apenas constrangidas?
O constrangimento frente ao estranho, diferente, bizarro, é uma reação normal. Vivenciamos essa realidade diariamente quando deparamos com situações em que o desconhecido, o incomum, nos é apresentado. O riso ouvido na sala de cinema foi apenas uma forma de demonstrar uma inquietação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A beleza sob a ótica da deficiência



            A exaltação do belo, fruto do consumo de imagens é algo inconsciente e presente durante toda a vida de uma pessoa. Essas imagens já são pré-estabelecidas nas mentes dos indivíduos como ideal de felicidade, inicialmente plantados pelos pais e depois moldado pela sociedade. Dessa maneira surgem os modismos na escola, a definição do feio e do bonito, do certo e do errado. Potencializados pelos meios de comunicação de massa, esses ideais adquirem uma força ainda maior e transforma a vida criada pelas telenovelas, na vida que o sujeito gostaria de ter. Assim, inspirados em atores com corpos sarados e definidos, surgiu febre das academias, a indústria da moda trouxe o culto ao corpo extremamente magro, os ídolos do esporte se tornam referência de força, riqueza, ditando moda até no visual. Ainda que essas imagens pré-definidas de consumo sejam uma herança cultural e histórica, e que mereça um aprofundamento muito maior que essa simples explanação, o ideal de belo presente na sociedade está relacionado com o tipo de imagem que a sociedade quer comprar. Por mais que se lute pela inclusão das pessoas com deficiências, existe um esforço ainda maior para que a deficiência seja evitada.

Deficiência e mídia na inclusão social



“Este texto é uma prévia de um trabalho de conclusão de curso de comunicação social da UFJF, voltado para a ótica do jornalismo sobre o tema deficiência”.

         A deficiência está galgando passos lentos, mas importantes e inovadores a caminho da inclusão social e da igualdade de direitos. Por muito tempo as pessoas com deficiência se mantiveram dentro de suas casas, com medo de encarar um mundo que a princípio se mostrava intimidador. O que não deixa de ser verdade. Ainda que queiram participar ativa e produtivamente das atividades sociais diárias, se esbarram em posturas preguiçosas, obstáculos físicos e ideológicos e constante distanciamento social promovido [não propositalmente] pela mídia.
         A construção de aspectos ideológicos e a ratificação de valores da sociedade acontecem de forma muito eficaz através dos meios de comunicação de massa. As novelas são muitas vezes responsáveis por ditar modismos, enquanto o jornalismo determina aquilo que será debatido no cotidiano. Mesmo que passíveis de relativização, essa teorias exprimem de maneira geral a influência que a mídia exerce sobre seus espectadores. Os meios de comunicação vendem o conteúdo que seu público pede, em contrapartida o público determina o que é importante para ser noticiado. Mas onde a deficiência entra nessa história?