
Afinal que cara tem o Brasil?
Estive recentemente na França
e resolvi sair um dia pela noite parisiense. Passando por um bar, vi que estava
havendo uma festa brasileira e fiquei muito curioso para saber que tipo de
festa seria. Quando entrei me surpreendi. Todos os funcionários usando roupas
muito decotadas, largas, com a bandeira do Brasil estampada. As músicas que
escolheram para tocar eram de artistas como: Shakira, Jennifer Lopez e Ricky
Martin. Quando ouvi algo em português foi um remix que fizeram de um funk que
dizia: eu quero dar minha xaninha. Para finalizar, a atração da noite era um
dançarino mulato, com rastafáris, uma calça de capoeira estampada com as
cores da bandeira do Brasil, dançando de maneira quase inapropriada.
Será essa a imagem que os
franceses têm do Brasil? Que aqui somos todos mulatos, andamos com folhas de
bananeira cobrindo o sexo, uma bola de futebol no pé, um pandeiro na mão,
sambando e nos esfregando em lindas mulatas chamadas Teresa?
Relembrando a exibição do Miss
Universo 2011, que aconteceu em São Paulo, foi possível entender a noção
francesa sobre os brasileiros. A apresentação da cantora Claudia Leitte foi um
prato cheio de clichês e estereótipos. A apresentação tinha dançarinos mulatos,
de rastafári, tocando berimbau e fazendo acrobacias no palco. No centro estava
Claudia Leitte vestida com uma roupa de pavão negro, sambando e cantando uma
música em inglês. (clique aqui para assistir)
Mas qual seria a melhor forma
de representar o Brasil naquela festa ou em qualquer outro lugar? Não sei. O que
eu sei é que não me sinto representado por aquele tipo de estereótipo. Não sou
mulato, não tenho cabelo rastafári e não sou adepto da capoeira. Se eu dissesse
que era brasileiro, provavelmente as pessoas naquela festa não acreditariam.
Minha vontade era de gritar para todo mundo: Meu país não é só isso!
Um país de proporções
continentais como o Brasil, que sofreu influência de inúmeras imigrações, está
perdido em meio a tanta miscigenação. Enquanto essa miscelânea racial não
encontra sua verdadeira forma, os próprios brasileiros não se identificam com o
país que vive. O desconforto é tão grande que surgem até grupos como o “O Sul é
Meu País”, que afirmam que a região sul possui diferenças econômicas e
culturais muito distintas do resto do Brasil e por isso deve ser separado do
restante do país.
Enquanto nossa identidade não
é construída, nos perdemos em meio às críticas sobre a diversidade cultural
do país que vivemos. Continuamos duvidando que o Acre realmente existe. A questão da
divisão do Pará não é problema do resto do país. São Paulo fica com o título de
capital das oportunidades. Rio de Janeiro fica com o samba, o carnaval e a
criminalidade. Rondônia e Roraima são estados que muita gente nem sabe que
existe. O Amazonas é só uma imensidão verde. O nordeste é considerado uma coisa
só, onde todos sofrem com a seca, andam descalços, morenos de sol e trabalham
em canaviais. Santa Catarina foi dominada pelos alemães e o Rio Grande do Sul é
quase um outro mundo. Somos tudo isso e ao mesmo tempo não somos nada. Enquanto
estamos perdidos em meio a tanta informação, o resto do mundo continua
acreditando que falamos espanhol e que a capital do Brasil é Buenos Aires.
Twitter: @_falajose
Parabens pela materia. Vc conseguiu expressar claramente a imagem deturpada do nosso País que alguns brasileiros insistem em passar para o resto do mundo.
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