Nós brasileiros vivemos sob a forte coerção de três
virtudes. Elas agem por si só, mas também estão intrinsicamente enraizadas, uma
vez que são causa e consequência entre si. São características e comportamentos
que interferem em onde estamos e o que queremos ser.
O primeiro deles é o conservadorismo. Brasileiro odeia
mudanças. Anseia por elas, mas as odeiam quando praticadas. A sociedade parece não ter evoluído com o tempo. Praticamos conceitos
machistas, discriminatórios e vivemos sob preceitos religiosos retrógrados
sobre família e felicidade. Pedimos por
mudanças, mas que elas aconteçam de uma forma que não nos afete. Aceitamos
realidades distintas contanto que não sejam em nossas famílias. Queremos
reformas, mas não queremos a poeira em nossas casas. Queremos algo, mas não
queremos nos mexer.

Para completar as três virtudes vem o comodismo. Quem nunca
ouviu a frase: “Eu não vou votar esse ano, político é tudo ladrão mesmo”? É sob
a filosofia do “deixa pra lá” que os brasileiros seguem suas vidas diariamente.
Somos preguiçosos para correr atrás de nossos direitos, levantar bandeiras e
dizer aquilo que deve ser dito. É o comodismo o responsável por aceitarmos um
emprego que está abaixo do merecido ou aquele namoro que está estagnado.
Portanto, estamos parados no tempo,
reclamando do pouco que temos, mas não queremos fazer nada para mudar esse quadro. Somos
a prova viva de que a verdadeira pobreza do Brasil está dentro das cabeças dos
brasileiros, que estão cansados demais para quererem algo maior.
Chamo esses três defeitos de virtudes porque é exatamente
assim que os encaramos. Recusamo-nos a olhar nossa realidade com olhos
positivos, a aceitar mudanças e sermos tolerantes. A real intenção dessa explanação
é despertar a consciência de que ser negativo não contribuirá para mudanças
significativas. Toda mudança social, parte primeiramente da vontade individual
de seus integrantes. Nos países desenvolvidos as pessoas usam seus esforços
para contribuírem com o funcionamento de seus países, no Brasil estamos
preocupados em enganar o outro e burlar leis. Enquanto continuarmos tratando
esses defeitos como virtudes, estagnados em uma mentalidade de terceiro mundo.
Twitter: @_falajose
Muito disso se deve à incrível capacidade que o homem, e o brasileiro talvez mais, tem de aplicar o 'deixa que eu deixo'. Por que eu levantar bandeira se tem os ativistas que fazem isso? Por que eu pagar impostos se tem gente que ganha bem mais e sonega? Por que eu tomar a iniciativa da mudança naquilo que eu vejo como errado? Alguém vai fazer isso e, se não fizer, paciência. As coisas são como são, ou se não deram certo é porque não era pra dar! E desistimos.
ResponderExcluirAcredito exatamente no que você falou: a solução para os problemas do Brasil, dos brasileiros, de uma comunidade em geral e daqueles de dentro da nossa própria casa, está na motivação interna de fazermos o certo. Eu preciso fazer a minha parte também, eu preciso dar a minha cara à tapa, eu preciso lutar e acreditar na mudança que quero viver. Não é fácil, de fato, mas trará significativas mudanças e, aos poucos, transformará o todo. Enquanto essa consciência de que 'eu faço a diferença' não nascer, continuaremos sendo esse poço de virtues que você citou. E viveremos na nossa zoninha de conforto esperando que um presente melhor caia do céu no nosso colo. Porque, se cair mais adiante, é longe demais e não quero me esforçar.
Concordo com tudo que você escreveu. Se queremos mudança, ela deve começar primeiramente dentro de cada um de nós. Não adianta reclamar da sociedade e do governo se as atitudes continuaremos sendo as mesmas. Reclamar menos e agir mais! Por menor que seja a mudança e pareça insignificante no todo, faz a diferença sim! De que adianta ser um país com economia de primeiro mundo se a consciência e mentalidade da papulação não consegue acompanhar? Por isso que se faz tão urgente a mudança em cada um de nós.
ResponderExcluirParticipar da mudança nem sempre é fácil, mas pode ser recompensador. Reclamar ou esperar sentando pelos louros pode ser fácil ao primeiro olhar, mas apenas faz com que o processo de mudança seja mais difícil e demorado.
ResponderExcluir"Take a look at yourself and then make a change". - MJ