quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Deficiência e mídia na inclusão social



“Este texto é uma prévia de um trabalho de conclusão de curso de comunicação social da UFJF, voltado para a ótica do jornalismo sobre o tema deficiência”.

         A deficiência está galgando passos lentos, mas importantes e inovadores a caminho da inclusão social e da igualdade de direitos. Por muito tempo as pessoas com deficiência se mantiveram dentro de suas casas, com medo de encarar um mundo que a princípio se mostrava intimidador. O que não deixa de ser verdade. Ainda que queiram participar ativa e produtivamente das atividades sociais diárias, se esbarram em posturas preguiçosas, obstáculos físicos e ideológicos e constante distanciamento social promovido [não propositalmente] pela mídia.
         A construção de aspectos ideológicos e a ratificação de valores da sociedade acontecem de forma muito eficaz através dos meios de comunicação de massa. As novelas são muitas vezes responsáveis por ditar modismos, enquanto o jornalismo determina aquilo que será debatido no cotidiano. Mesmo que passíveis de relativização, essa teorias exprimem de maneira geral a influência que a mídia exerce sobre seus espectadores. Os meios de comunicação vendem o conteúdo que seu público pede, em contrapartida o público determina o que é importante para ser noticiado. Mas onde a deficiência entra nessa história?

         O distanciamento de causas sociais, em especial da deficiência, é fruto de uma postura indiferente de ambas as partes. Por muito tempo, as pessoas com deficiência estiveram paradas esperando que alguém fizesse alguma coisa por elas. Foram convencidas pela sociedade de que não poderiam participar ativamente do convívio social e assim permaneceram. É exatamente por essa postura passiva, munida de um preconceito histórico da sociedade, que o tema muitas vezes não ganha a significância merecida dos meios de comunicação.
         Atualmente, a relação que envolve mídia e sociedade está permeada de sentimentalismo e imprecisões. A maioria das abordagens feitas sobre o tema tende a retratar a pessoa com deficiência apenas como alguém que tem dificuldades e não como um cidadão comum. O personagem, tanto no jornalismo como na telenovela, por exemplo, são definidos por apenas por suas limitações. Assim, mesmo que retratados nos meios de comunicação, essa abordagens tendem a perpetuar conceitos errôneos e discriminatórios que dificultam o processo de inclusão.
         A justificativa para essa visão sentimentalista e discriminatória está no distanciamento que a sociedade vive da realidade da deficiência, tanto motivada pelo desinteresse em conhecer o diferente, como falta de iniciativa das pessoas com deficiência de se fazerem notadas. Historicamente as pessoas com deficiência foram caladas por seus próprios medos e limitações, acreditando não serem capazes do convívio social. No entanto, com o surgimento de associações e leis que garantem a inserção no mercado de trabalho, escolas e concursos, a deficiência começa a permear as relações sociais cotidianas. Dessa maneira, o processo de inclusão acontece naturalmente, bem como a necessidade de se falar mais sobre isso.  Portanto, a inclusão social só será possível se houver uma aliança entre uma postura ativa e modificadora as pessoas com deficiência em suas realidades com o olhar mais atento dos meios de comunicação, construindo um círculo de novas significações, responsáveis por uma mudança ideológica social inclusiva.


Twitter: @_falajose


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