quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A beleza sob a ótica da deficiência



            A exaltação do belo, fruto do consumo de imagens é algo inconsciente e presente durante toda a vida de uma pessoa. Essas imagens já são pré-estabelecidas nas mentes dos indivíduos como ideal de felicidade, inicialmente plantados pelos pais e depois moldado pela sociedade. Dessa maneira surgem os modismos na escola, a definição do feio e do bonito, do certo e do errado. Potencializados pelos meios de comunicação de massa, esses ideais adquirem uma força ainda maior e transforma a vida criada pelas telenovelas, na vida que o sujeito gostaria de ter. Assim, inspirados em atores com corpos sarados e definidos, surgiu febre das academias, a indústria da moda trouxe o culto ao corpo extremamente magro, os ídolos do esporte se tornam referência de força, riqueza, ditando moda até no visual. Ainda que essas imagens pré-definidas de consumo sejam uma herança cultural e histórica, e que mereça um aprofundamento muito maior que essa simples explanação, o ideal de belo presente na sociedade está relacionado com o tipo de imagem que a sociedade quer comprar. Por mais que se lute pela inclusão das pessoas com deficiências, existe um esforço ainda maior para que a deficiência seja evitada.
            A história das pessoas com deficiência começou ainda na Idade da Pedra, quando eram mortos logo após o nascimento ou abandonados por suas tribos. Mas foi na Idade Média que as pessoas com deficiência começaram a serem vistas como seres bizarros e usados em show de horror para entreter a corte. Eram considerados castigo divino, como aqueles que não tiveram sorte ao nascer. Com o passar de milhares de anos, a concepção acerca da deficiência caminhou passos tímidos rumo à uma inserção na sociedade.
           Ainda que vistos pela atual sociedade de forma menos preconceituosa, a deficiência carrega o estigma do estranho, do feio. É exatamente para combater essa visão segregadora que esse ideal de beleza não deveria excluir as pessoas com deficiência devido à diferenças físicas, pois existem formas de observar o belo em algo que é esteticamente incomum. O profissionalismo, as relações familiares e sociais, a conduta humana, todos esses são valores que deveriam ser mais abordados dentro do universo da deficiência. Mas, ainda mais importante que esses fatores, o ideal de belo deveria transcender as limitações físicas ou aparentes. Imperfeições existem em qualquer pessoa, em níveis variados. Tratar com discriminação às diferenças que são naturais à todo ser humano, que nos torna existentes, é o mesmo que discriminar aqueles que não compartilham exatamente da mesma imagem. O ideal de beleza não foi construído do nada, ele é fruto de uma herança cultural desenvolvida desde o início da história do homem. No entanto, isso não justifica que essa visão social deve ser cristalizada, mas sim ser combatida, para que se oponha às manifestações de preconceito e discriminação às pessoas com deficiência e à diversidade como um todo.

Texto publicado pelo Portal da Educação: http://www.portaleducacao.com.br/comunicacao-social/artigos/10277/a-beleza-sob-a-otica-da-deficiencia

Twitter: _falajose

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