Há algum tempo venho pensando na
relação dos brasileiros com o mundo e vice-versa. São muitos os fatores que
envolvem esse diálogo cultural o que amplia exponencialmente o leque de
possíveis soluções, tornando extremamente amplo e subjetivo. Mas ao mesmo tempo
são relações que nos rodeiam o tempo todo, tanto para aqueles que vivem no
Brasil como para aqueles que vivem no exterior. Um fato ocorrido essa semana me
chamou particularmente mais a atenção.
A academia que frequento aqui em
Dublin é conhecida por ter muitos brasileiros. Talvez por causa do preço, da
proximidade ou pela propaganda boca a boca. Não é nada difícil ouvir alguém
falando português nos vestiários. Para muitas pessoas isso deveria significar
alguma coisa boa, uma união, um sentimento familiar, mas muitas vezes não é
isso o que acontece. A maioria dos brasileiros prefere não ser reconhecida como
tal. Essa semana um brasileiro fingiu não falar português para que as pessoas
não desconfiassem que ele é estrangeiro. É como se por dentro ele estivesse
pensando assim: “sou brasileiro, mas ninguém precisa ficar sabendo”.